terça-feira, 19 de junho de 2012

23.膝行 Shikkō / 叱呼 Shikko.

Não há dúvidas que vivemos num mundo onde o acesso à informação está na ponta dos dedos e, portanto, já não há desculpas quanto à falta de fontes de consulta e pesquisa para justificar trabalhos mal feitos ou com deficiência de pesquisa ou estudo. Também não há dúvidas que muitas fontes apresentam informações muito questionáveis...

O problema que existe agora, com tanta informação disponível, é a realidade de que mesmo que as fontes de pesquisa sejam inúmeras, a vontade de pesquisar por parte de um grande número de instrutores continua a ser tão pouca e o comodismo parece ser tanto que se tornam quase uma barreira intransponível.

Isso é facilmente visível quando o assunto - dentro das artes marciais japonesas - são sistemas de transcrição fonética (ou sistemas de romanização dos ideogramas e caracteres japoneses), onde em 99,99% dos trabalhos que vemos hoje em dia na internet nem mereciam estar lá, pois apenas mostram a falta de empenho, pesquisa, cuidado e conhecimento por parte de quem lá os expõem.

(o_o) - "Mas... o que são "sistemas de transcrição fonética"?"
Vou colocar este assunto de forma bastante simples para que todos entendam o que eu quero dizer: sistemas de transcrição fonética são sistemas utilizados para escrevermos - usando o nosso conjunto de letras (o "alfabeto") - palavras de origem estrangeira, especialmente se estas palavras ou expressões pertencem a idiomas que não usam os nossos caracteres.

(o_O) - "?!?" 
Calma! Primeiro vamos entender o que é o "Alfabeto"!
"Alfabeto" são as duas primeiras letras gregas Alfa e Beta e representam atualmente o conjunto de caracteres que expressam a escrita latina, ou seja, as 26 letras que conhecemos.

(o_o) - "E o que tem isso de importante?!"
Simples: existem outras nações que não utilizam o "Alfabeto" - os caracteres latinos - nas suas formas escritas. Por exemplo: os Japoneses, Chineses, Coreanos etc. utilizam uma forma escrita onde o alfabeto não é utilizado! Portanto, é necessário um sistema "oficial" para passar os caracteres, as letras e os ideogramas orientais para serem utilizados com as nossas 26 letrras. 
No caso do idioma Chinês, o sistema de transcrição fonético mais conhecido é o Pin Yin Han Yu (entre outros); no caso do idioma Coreano, o sistema de transcrição fonético mais conhecido é o McCune-Reischauer e no caso do idioma Japonês, o sistema de transcrição fonético mais conhecido é o Hepburn (entre outros, tais como Nihon, Kunrei...).

(^_^) - "Mas qual é o propósito disso?!"
Não vou falar sobre o sistema Hepburn aqui porque qualquer pessoa, com o "mínimo" interesse e com verdadeira vontade de apresentar informação correta sobre a via marcial sobre a qual pretende escrever alguma coisa, pode encontrar toda informação na internet, mas vou dar dois exemplos de nomes de vias marciais, suas trannscrições fonéticas corretas e vou fundamentar a razão pela qual se deve usar tal sistema.
Vamos então aos exemplos:
合氣道 - Aikidō.
柔道 - Jūdō.
Como podem notar, de acordo com o sistema de transcrição fonética Hepburn, a indicação de vogal longa é feita com a utilização de um acento chamado "Mácron" sobre a vogal que tem um valor fonético mais longo. Estas são as transcrições «corretas» destes nomes!

\(ºoº)/ - "Mas ninguém usa isso!!"
Isso não é necessariamente verdade! Porque já existem obras mais recentes que respeitam os sistemas de transcrição fonéticos e, portanto, apresentam informação correta quanto a tradução dos termos que apresentam.

Mas falar sem fundamentar é especular! Portanto, vou fundamentar o que eu quero dizer: qualquer pessoa que gosta da cultura japonesa já viu em filmes de Samurai ou em Kata mais tradicionais (nos casos do Kobudō, Jūdō e Aikidō) uma forma de andar de joelhos chamada 膝行 Shikkō. 

Pois bem, se a indicação de vogal longa não for adicionada, esta palavra 叱呼 Shikko, agora escrita sem acento, é traduzida por "fazer chichi"... o que não é, nem de longe, o significado que se pretende transmitir! (^_^) 


Por isso, antes de sair de forma desvairada a publicar coisas sobre uma arte japonesa, "perca" um pouco de tempo numa pesquisa prévia, um estudo mais aprofundado a fim de evitar que informações erradas sejam transmitidas ou retransmitidas como se fossem informações corretas.

Como eu disse no início deste post, numa época onde a informação está ao alcance dos dedos, NADA justifica a apresentação de trabalhos mal feitos...

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